SERPENTES NA EDUCAÇÃO BÁSICA: Investigando a relação entre alunos e ofídios em Minas Gerais
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Resumo
Este estudo visa abordar a relação da percepção etnoherpetológica (sobre as serpentes) de discentes da educação básica. Neste contexto, os ofídios, destacam-se como animais socialmente marginalizados a partir de uma óptica repugnante, a qual está associada a carência de informações substanciais e da propagação de desinformação acerca deste grupo. Destaca-se que, no Brasil, as crendices subsidiam um distanciamento entre os seres humanos e as serpentes. Cabe ainda destacar que, a visão negativa sobre os animais constituintes da ofidiofauna, podem colocar esse grupo em fragilidade, caso estratégias de conservação e educação ambiental não sejam instauradas. Diante de tal conjuntura, o objetivo deste estudo foi identificar qual a percepção etnoherpetológica que os alunos da educação básica têm sobre as serpentes, bem como de relacionar a interferência dessa percepção no processo de ensino-aprendizagem e na conservação dos ofídios. Para a análise da percepção dos alunos sobre as serpentes, o estudo fundamentou-se em uma abordagem qualitativa, utilizando um questionário de cinco perguntas para levantamento dos dados junto a 22 estudantes. Cerca de 81% dos discentes afirmaram que têm medo de cobra; ao investigar a concepção utilitarista que os alunos possuem sobre esses animais, 66% dos estudantes afirmaram que as serpentes possuem serventia para os seres humanos; 57% manifestaram que esses animais possuem algum papel funcional na natureza; aproximadamente 86% afirmaram que já mataram, pediram para matar ou viram alguém matando uma serpente. Constatou-se uma predominância de uma percepção negativa e utilitarista, onde hegemonicamente os alunos demonstraram algum tipo de medo e repulsa desses animais.
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Referências
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